A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis conquista a 15ª vitória com homenagem ao mestre Laíla
A Beija-Flor de Nilópolis brilhou na Passarela do Samba e conquistou o título de campeã do Carnaval do Rio 2025, com um enredo emocionante que homenageou o diretor de carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, conhecido como Laíla, que faleceu em 2021 devido a complicações da Covid-19. A vitória, que representa o 15º título da escola, foi um tributo de amor, respeito e gratidão a um dos maiores nomes do carnaval carioca. O desfile aconteceu nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, quando a Beija-Flor foi a segunda escola a se apresentar, levando à Sapucaí uma performance inesquecível.
Laíla de Todos os Santos: O Enredo Emocionante
Com o enredo “Laíla de Todos os Santos”, a Beija-Flor trouxe à tona a história de Laíla, a lenda viva do carnaval, e sua trajetória de dedicação ao samba e à cultura popular. João Vitor Araújo, o carnavalesco da agremiação, idealizou um espetáculo que transbordava emoção, colocando Laíla no centro das atenções. Os desfiles repletos de carros alegóricos, fantasias e performances encantaram o público, enquanto os shows de drones no céu da Sapucaí formaram a imagem do homenageado, emocionando até os mais apaixonados pelo carnaval.
A Grande Despedida de Neguinho da Beija-Flor
Além de ser uma noite de grande significado para o carnaval, o desfile da Beija-Flor marcou também a despedida de Neguinho da Beija-Flor, o icônico intérprete da escola. Neguinho, que passou mais de 40 anos à frente da agremiação, emocionou os foliões ao cantar o samba-enredo de sua última participação. O público se despediu de um dos maiores nomes da música brasileira, que se tornou a voz oficial da escola. Para manter o legado de Neguinho, a Beija-Flor anunciou que realizará um reality show para escolher seu substituto. A mudança promete trazer novas emoções para o público, mas também muita saudade dos tempos de glória de Neguinho na Sapucaí.
Logo após a divulgação da penúltima nota, Neguinho da Beija-Flor comemorou a vitória da Beija-Flor após sua aposentadoria. Perguntado sobre o que estava passando em sua cabeça, ele afirmou: “Eu estou passando 50 anos”. Quando questionado sobre sua aposentadoria, ele revelou que iria repensá-la após a vitória da escola. A emoção e a gratidão pelo título conquistado se refletiram em suas palavras, mostrando que, apesar de sua saída da Beija-Flor, ele continuaria sendo parte essencial da história da agremiação.
Lorena Raissa: A Rainha de Bateria Grávida
Outro momento marcante no desfile da Beija-Flor foi a participação de Lorena Raissa, a rainha de bateria da escola. A jovem de 18 anos entrou na avenida grávida, um gesto que trouxe ainda mais simbolismo e sensibilidade ao desfile. A imagem de Lorena, cheia de energia e graça, representou a renovação da tradição do samba e do carnaval, ao mesmo tempo em que trouxe à tona um simbolismo de continuidade e celebração da vida. Sua presença emocionou o público, e a bateria, comandada por ela, fez a Sapucaí pulsar com sua energia contagiante.
A Letra do Samba-Enredo: Emocionante e Profunda
O samba-enredo da Beija-Flor, intitulado “Laíla de Todos os Santos”, também se destacou pela profundidade de suas letras. A composição, assinada por Rômulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena, emocionou quem estava na avenida e nas arquibancadas. A letra trazia um tributo à luta, à fé e à superação de Laíla, evocando figuras de religiosidade, como Exu e Ogum, e símbolos da cultura afro-brasileira, como o alabá Doum e o terço para benzer. A melodia e a poesia do samba fizeram a Beija-Flor se tornar ainda mais imortal, levando as gerações passadas e futuras a cantar e dançar juntas na Sapucaí.
A letra completa do samba-enredo da Beija-Flor de Nilópolis:
Kaô meu velho!
Volta e me dá os caminhos
Conduz outra vez meu destino
Traz os ventos de Oyá
Agô meu mestre
Tua presença ainda está aqui
Mesmo sem ver, eu posso sentir
Faz Nilópolis cantar
Desce o morro de Oyó
Benedito e Catimbó
O alabá Doum
Traz o terço pra benzer
E a cigana puerê
Meu Exu
De copo no palco, sandália rasteira
No chão sagrado toda quinta-feira
O brado no tambor, feitiço
Brigou pela cor, catiço
Coragem na fala sem temer a queda
O dedo na cara, quem for contra reza
Vencer o seu verbo
Gênio do ouvido perfeito
A trança nos versos
Divino e humano em seu jeito
Queria paz mas era bom na guerra
Apitou em outras terras, viajou nas ilusões
Deu voz à favela e a tantas gerações
Eu vou seguir sem esquecer nossa jornada
Emocionada, a baixada em redenção
Chama João pra matar a saudade
Vem comandar sua comunidade
Óh Jakutá, o Cristo preto me fez quem eu sou
Receba toda gratidão Obá, dessa nação nagô
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor
Terreiro de Laíla meu griô
A Vitória da Beija-Flor: Conquista Merecida
A vitória da Beija-Flor foi, sem dúvida, uma conquista merecida, resultado de muito trabalho, dedicação e amor à arte do carnaval. A escola mostrou que, além de ser uma das maiores do Rio de Janeiro, ela tem a capacidade de emocionar, inovar e transmitir o legado de seus ícones, como Laíla e Neguinho. Com a vitória de 2025, a agremiação reafirma sua força, sua história e sua importância no cenário do carnaval, e faz história mais uma vez.

